Já faz tempo que os videogames deixaram de ser vistos como coisa de criança ou passatempo de final de semana. Hoje, eles movimentam bilhões, geram discussões acaloradas, criam comunidades apaixonadas e, claro, moldam boa parte do que consumimos em entretenimento.
O impacto dos jogos na cultura pop está por todos os lados, dos cinemas às playlists do Spotify, das passarelas às timelines das redes sociais.
Se você ainda acha que isso tudo é só diversão, talvez seja hora de apertar o start e rever seus conceitos.
Dos controles para as telonas: a invasão dos games no cinema
Quando Mortal Kombat chegou aos cinemas em 1995, foi fácil torcer o nariz: efeitos duvidosos, roteiro raso, atuações sofríveis. Ainda assim, foi um marco.
Ali começava uma aventura que, décadas depois, traria adaptações como Detective Pikachu, Sonic e Super Mario Bros. com orçamentos de respeito, trilhas impecáveis e o mais importante: carinho pelo material original.
Claro, nem tudo foi vitória nesse caminho (alô, Uncharted), mas é impossível ignorar o impacto dos jogos na cultura pop quando vemos estúdios cada vez mais empenhados em transformar nossas franquias favoritas em boas experiências cinematográficas.
Quando The Last of Us chegou em formato de série e explodiu corações e expectativas, foi como se a indústria dissesse: “ok, os jogos não só contam boas histórias – eles são algumas das melhores que temos”.
Sagas que saíram do console e ganharam o mundo das séries

Tem uma coisa que os games fazem muito bem: criar mundos complexos e personagens memoráveis. E isso, claro, é ouro puro para as plataformas de streaming.
Não é à toa que séries como The Witcher (que sim, também veio dos livros, mas ganhou ainda mais popularidade com os jogos), Arcane (baseada em League of Legends) e agora Fallout estão conquistando públicos que talvez nunca tenham segurado um controle na vida.
Essa expansão é mais uma prova do impacto dos jogos na cultura pop, porque mostra que os games não estão presos ao seu formato original.
Eles transbordam. Invadem outras mídias. Fazem a gente querer entender mais daquele universo, mergulhar nas suas histórias e se conectar com seus personagens em diferentes plataformas.
E o mais bonito? Muitas vezes, essas adaptações trazem novas perspectivas, ampliam narrativas e até corrigem representações problemáticas dos jogos originais. Ou seja, não é só influência; é como uma troca.
Do 8-bit ao Spotify: o som dos games na música pop
Quem cresceu ouvindo o tema de Tetris ou se emocionou com o piano de To Zanarkand (sim, estou falando de você, Final Fantasy X) sabe que os games têm trilhas inesquecíveis. Mas nos últimos anos, essa influência foi muito além do nicho gamer. Ela chegou ao mainstream.
Artistas como Lady Gaga, Billie Eilish e Lil Nas X já usaram visuais inspirados em games, referências em clipes e até parcerias com empresas como a Riot Games.
O lo-fi hip hop gamer virou trilha sonora para estudar, relaxar ou apenas fingir que está vivendo um JRPG slice-of-life.
E os álbuns orquestrados de trilhas de jogos? Viraram sucesso de bilheteria em turnês ao redor do mundo.
Esse fenômeno é mais uma camada do impacto dos jogos na cultura pop. Porque quando as batidas de um jogo saem da tela e viram referência para composições, shows e colaborações com nomes atuais da música, estamos falando de algo que não é mais periférico.
É central. É influência pura.
Estilo gamer: do cosplay às passarelas

Você já deve ter visto alguma camiseta com estampa de Pokémon, uma jaqueta inspirada em Cyberpunk 2077 ou aquele tênis que parece ter saído diretamente de Street Fighter. A estética gamer virou tendência. E não só entre quem joga.
O cosplay, por exemplo, ultrapassou as barreiras dos eventos geek. Hoje é reconhecido como forma de arte, performance e até ativismo.
Até marcas de moda, de streetwear até as mais luxuosas, têm se inspirado em personagens, paletas e designs dos games. Basta olhar desfiles recentes que misturam elementos de sci-fi, armaduras digitais e personagens pixelados com naturalidade.
Isso tudo também é o impacto dos jogos na cultura pop fazendo barulho. Porque além de influenciar o que consumimos, os games influenciam como nos expressamos visualmente, como montamos nossa identidade e até como nos posicionamos no mundo.
Como os games abordam temas sociais e culturais?
Existe uma visão ultrapassada de que os jogos são só entretenimento.
Mas basta observar títulos como Lost Records: Bloom & Rage, Celeste, Undertale ou The Last of Us Part II para perceber que os games também são espaços de reflexão, empatia e denúncia. Eles falam de saúde mental, questões de gênero e sexualidade, medo, luto, opressão. E falam bem.
Além disso, os jogos reúnem comunidades. Fandoms que se organizam, criam teorias, fanarts, eventos.
Pessoas LGBTQIAPN+, pessoas negras, pessoas neurodivergentes e pessoas pertencentes a outros grupos marginalizados encontram nos jogos — e nas comunidades que se formam ao redor deles — um lugar de pertencimento, de diálogo e de resistência.
Por isso, o impacto dos jogos na cultura pop vai muito além de influenciar outras mídias. Ele molda comportamentos, questiona padrões, propõe novos mundos possíveis.
Os games se tornaram linguagem, ferramenta, espaço político. E isso não tem mais como negar.
E se os jogos forem o coração da cultura pop?
Se a cultura pop é o espelho do nosso tempo, então os jogos estão no centro desse reflexo. Eles contam histórias, criam tendências, inspiram músicas, viram filmes, mobilizam causas. Estão em todo lugar — e cada vez mais, no controle.
Então, da próxima vez que alguém perguntar se você “vai continuar jogando esse videogame”, você já sabe a resposta:
“Vou sim. E enquanto isso, vejo o mundo mudar ao meu redor.”
E você, já parou para pensar em como os jogos moldaram o seu universo também? Conta pra mim nos comentários.