O design de níveis, ou level design, é uma das peças-chave no desenvolvimento de games. É ele que dá forma aos cenários, cria os desafios e guia os jogadores em suas aventuras.
O level design não é só sobre criar fases bonitas. É ele que garante experiências imersivas, equilibradas e cheias de momentos inesquecíveis.
Você já explorou um mapa que parecia vivo, ou superou obstáculos que realmente testaram suas habilidades e fizeram com que você ficasse grudado no game? Pois então, isso é fruto de um bom design de níveis.
Seja você um jogador curioso, um desenvolvedor em início de carreira ou apenas alguém fascinado por games, entender o impacto do level design muda a forma como encaramos um jogo.
O que é level design?
Level design é a arte de criar os ambientes e desafios dentro de um jogo. Ele envolve muito mais do que apenas desenhar mapas – o level designer é o responsável por construir a jornada do jogador, decidindo onde ele vai andar, o que ele vai enfrentar e como as interações acontecem.
Nesse processo, o level designer pensa em tudo: do layout do cenário, com seus caminhos e áreas secretas, aos obstáculos que o jogador deve superar.
Eles também cuidam da ambientação, criando atmosferas que complementam a história do jogo, e da interatividade, oferecendo ferramentas e mecânicas para que o jogador interaja com o ambiente.
Basicamente, é o level designer quem decide como o jogo vai se desenrolar e como o jogador vai viver essa experiência.
A importância do design de níveis na experiência do jogador

Se você já ficou horas tentando passar de uma fase e, quando finalmente conseguiu, soltou um grito de vitória digno de uma final de campeonato, pode agradecer (ou xingar) o level design.
É ele que transforma um jogo qualquer em uma experiência que você não consegue largar. O design de níveis é o que faz um jogo ser viciante, frustrante na medida certa e, principalmente, inesquecível.
Alguns jogos são mestres nessa arte. Os jogos soulslike, como Dark Souls, fazem você se perder, se achar e ainda gritar “como eu não vi isso antes?” quando percebe que a saída estava ali o tempo todo.
Já games como Portal colocam sua cabeça para trabalhar de um jeito tão criativo que você quase sente que está resolvendo uma equação de física quântica – só que de maneira divertida.
E o segredo está no equilíbrio. Se o desafio é fácil demais, você joga bocejando. Se é impossível, você desiste e vai ver memes.
O truque do level design é encontrar o ponto ideal, aquele que faz você pensar “só mais uma tentativa” até perceber que já são três da manhã. Obrigada por isso, Sackboy!
Os pilares do level design
Agora que já entendemos a importância do level design, é hora de explorar os pilares que sustentam essa arte. São eles que garantem que os jogadores fiquem imersos, desafiados e com vontade de voltar para o jogo.
Vamos falar de clareza, progressão, imersão e replayability – cada um com seu papel essencial na construção de níveis inesquecíveis.
Clareza: que ninguém fique perdido
Sabe aquela fase em que você entra e não faz ideia do que tem que fazer? Isso é o pesadelo de qualquer level designer.
Clareza é fundamental para que o jogador entenda onde está, para onde deve ir e quais ferramentas tem à disposição. Não significa entregar tudo de bandeja, mas sim guiar de forma eficaz.
Um caminho iluminado, um som ao longe ou até um item chamativo podem fazer toda a diferença. Afinal, ninguém gosta de vagar sem rumo (a não ser que o jogo seja sobre isso, claro).
Progressão: o desafio cresce, mas você cresce junto
Não dá para começar um jogo enfrentando o chefão final, né? Progressão é sobre construir níveis que ensinam aos poucos, apresentando novas mecânicas e aumentando a dificuldade de maneira gradual.
Pense em Super Mario Bros.: nos primeiros minutos, você aprende a pular, coletar moedas e evitar inimigos, tudo sem perceber que está sendo treinado para desafios maiores.
É o famoso “vai com calma, mas não vai fácil”.
Imersão: quando o mundo do jogo te abraça
Um bom level design não é só funcional, mas também conta uma história. A imersão vem da criação de ambientes que fazem o jogador se sentir parte daquele universo.
Texturas, iluminação, sons e até pequenos detalhes, como objetos espalhados pelo cenário, podem dar vida ao mundo do jogo.
Em The Last of Us, por exemplo, cada canto daquele mundo devastado tem uma história para contar – e isso é pura magia do level design.
Replayability: porque uma vez só não basta
Por fim, temos o charme da replayability, ou rejogabilidade. Alguns níveis são tão bem feitos que você quer jogá-los de novo só para descobrir algo que passou despercebido ou experimentar um caminho alternativo.
Isso pode ser alcançado com desafios opcionais, segredos escondidos ou múltiplas formas de completar o mesmo objetivo. É o tipo de design que faz você pensar: “Será que consigo fazer melhor dessa vez?”
Esses pilares são como peças de um quebra-cabeça que, quando bem encaixadas, criam experiências incríveis para os jogadores.
E o melhor de tudo é que cada um deles pode ser explorado de maneiras criativas e inesperadas.
Tipos de level design

Agora é hora de explorar os tipos de level design que encontramos nos jogos. Cada estilo tem suas particularidades e apela para diferentes gostos e experiências.
Linear: o caminho já está traçado
Esse é o tipo de nível que te pega pela mão e fala: “Vem por aqui, confia em mim.”
Não tem muita enrolação, o jogador segue uma rota clara e cumpre os objetivos em sequência. É perfeito para contar histórias impactantes, já que tudo está cuidadosamente planejado.
Um exemplo clássico é Uncharted. O jogo é basicamente uma montanha-russa cheia de ação e narrativa, onde você está sempre no controle, mas dentro de um caminho previamente definido.
Aberto ou open world: faça o que quiser (ou quase)
Aqui, quem manda é você. O level design em mundo aberto permite explorar o mapa no seu tempo e jeito, criando uma sensação de liberdade.
Quer seguir a história principal? Beleza.
Quer ficar 3 horas caçando cogumelos ou brigando com NPCs? Vai fundo.
The Legend of Zelda: Breath of the Wild é um dos melhores exemplos. Aquele mundo gigantesco é praticamente um parque de diversões para quem ama descobrir coisas no seu ritmo.
Se quiser se aprofundar no assunto, sugiro ler este artigo sobre as diferenças entre mundo aberto e sandbox.
Híbrido: um pouco de cada, por que não?
Se você é do tipo que gosta de tudo ao mesmo tempo, os níveis híbridos são a sua praia. Eles combinam momentos lineares com trechos de exploração mais aberta.
É um equilíbrio que agrada quem gosta de uma boa narrativa, mas também quer sentir que tem certa autonomia. Um ótimo exemplo é Red Dead Redemption 2. Você segue missões específicas, mas pode se perder por horas investigando uma cidade ou cavalgando pelo mapa.
Cada tipo de level design cria uma experiência diferente, e a escolha depende do objetivo do jogo e do público que ele quer atingir.
O mais importante é fazer com que o jogador sinta que está no controle, mesmo que, às vezes, ele não esteja tanto assim.
Processos e ferramentas utilizadas no design de níveis
Criar um nível de jogo é como montar um quebra-cabeça gigante – mas, nesse caso, as peças não vêm prontas. O trabalho do level designer envolve imaginar, testar, ajustar e, às vezes, começar tudo de novo.
O workflow de um level designer
Tudo começa com aquele momento de “e se…?”
O brainstorming é onde as ideias surgem, seja para um castelo sombrio cheio de armadilhas ou uma floresta encantada cheia de segredos.
Depois, vem a prototipagem: é quando essas ideias começam a ganhar forma, mas sem o glamour final. É quase como esboçar o rascunho de um desenho.
Aí vem o teste, onde o caos acontece. Jogadores tropeçam, se perdem, ou dão de cara com bugs estranhos.
E por fim, ajustes. Muitos ajustes. Aqui, paciência é o nome do jogo.
Ferramentas do ofício
Ferramentas como Unity e Unreal Engine são as mais utilizadas atualmente para criar mundos completos.
Para modelagem de objetos e cenários, o Blender é um dos mais populares, praticamente um canivete suíço do design.
Quer testar ideias rapidamente? Ferramentas como Tiled ou mesmo papel e lápis podem ser usados antes de partir para o digital.
A importância do feedback
Nenhum nível é perfeito na primeira tentativa – nem na segunda, nem na terceira. Por isso, o feedback é essencial.
Testadores e colegas apontam o que funciona e o que não funciona.
Aquele salto impossível? Volta para o planejamento. O jogador se perdeu no mapa? Hora de melhorar a clareza.
O feedback ajuda a corrigir erros, mas também a refinar a experiência para que o jogador sinta que está imerso, engajado e, principalmente, se divertindo.
No fim, o processo de design de níveis é tão dinâmico quanto os próprios jogos. Um eterno “testa, erra, conserta, repete” até que o nível esteja pronto.
O impacto do level design em diferentes gêneros de jogos

O level design muda completamente dependendo do gênero. Afinal, o que funciona em um shooter frenético provavelmente seria um desastre em um jogo de puzzle calminho.
Vamos dar uma olhada em como isso se desenrola em alguns estilos?
Jogos de plataforma
Aqui, o level design é praticamente o coração da experiência. É onde pulos precisos e desafios criativos se encontram.
Pense em Crash Bandicoot: você deve atravessar várias fases cheias de obstáculos, coletar itens, enfrentar inimigos e resolver quebra-cabeças para derrotar o vilão Dr. Neo Cortex.
Cada novo estágio te desafia de maneiras únicas, mantendo o jogo sempre interessante e divertido.
RPGs
No mundo dos RPGs, o level design costuma ser mais focado na exploração e narrativa. Cidades cheias de NPCs, dungeons misteriosas e um mundo aberto que te faz sentir parte de algo maior.
The Witcher 3 é um ótimo exemplo, pois coloca você em cenários que parecem vivos e cheios de história.
Shooters
Velocidade e fluidez são as palavras de ordem aqui. O level design em shooters como DOOM Eternal cria arenas dinâmicas, feitas para você correr, pular e destruir tudo pelo caminho enquanto tenta não virar churrasco.
Puzzles
Para puzzles, o design de níveis precisa focar em funcionalidade. Em Little Nightmares, por exemplo, cada ambiente é cuidadosamente desenhado para criar uma atmosfera tensa e ao mesmo tempo te desafiar com enigmas que exigem paciência e raciocínio.
Metroidvania
Ah, o charme dos metroidvanias! Em jogos como Hollow Knight, o level design é sobre conectar o mundo como um quebra-cabeça gigante. Você descobre atalhos e novas áreas com aquele sentimento de “eureka!” que só esses jogos sabem oferecer.
Cada gênero tem suas particularidades, mas uma coisa é certa: o level design é o fio que costura toda a experiência e faz o jogo ser o que ele é.
Conclusão
O level design é tão poderoso que pode transformar um jogo de “mais ou menos” para “incrível”.
No final, o level design é mais do que apenas “desenhar” os níveis. Ele é a alma de como o jogador vai se sentir no jogo, como ele vai ser desafiado e, claro, se vai voltar para continuar ou reviver a experiência.
Agora, que tal dar uma olhada nos jogos que você adora e reparar como os níveis foram pensados?
E se você já se pegou pensando em como criar o seu próprio jogo, o level design é o lugar para começar! Já imaginou o nível dos seus sonhos?