O que são jogos com acesso antecipado? Vale a pena apostar neles?

Você já se deparou com um jogo interessante marcado como “Acesso antecipado”, sentiu aquele friozinho na barriga e ficou em dúvida se devia investir ou esperar a versão final? Esse modelo de lançamento tem se tornado cada vez mais comum, especialmente em plataformas como a Steam.

Vamos entender o que são jogos com acesso antecipado, como eles funcionam e o que considerar antes de decidir se vale a pena apostar neles.

O que são jogos com acesso antecipado?

Jogos com acesso antecipado são títulos ainda em desenvolvimento que já estão disponíveis para comprar e jogar.

Sim, você paga por um jogo que ainda não está pronto. Em troca, pode experimentar antes do lançamento oficial, acompanhar sua evolução e até ajudar a moldar o resultado final com sugestões, críticas e relatos de bugs.

Esse modelo se popularizou especialmente na Steam a partir de 2013, mas já acontecia em menor escala antes disso.

A proposta é simples: estúdios independentes (e até alguns maiores) usam o dinheiro das vendas antecipadas para continuar desenvolvendo o jogo, enquanto a comunidade participa ativamente do processo.

É quase como um financiamento coletivo, mas com o detalhe de que você já recebe algo jogável logo de cara – ainda que inacabado.

Alguns exemplos de sucesso:

  • Hades (2020), da Supergiant Games, que passou quase dois anos em acesso antecipado antes de se tornar um dos roguelikes mais aclamados dos últimos tempos;
  • Baldur’s Gate 3, lançado oficialmente em 2023, também ficou por anos nesse formato, e saiu consagrado.

Mas nem sempre a história tem um final feliz. Chegaremos lá em alguns parágrafos.

As vantagens (e emoções) de jogar antes de todo mundo

Slay the Spire

A primeira grande vantagem dos jogos com acesso antecipado é justamente essa: você pode ser uma das primeiras pessoas a explorar mundos novos, testar mecânicas fresquinhas e ver de perto como um jogo nasce e cresce.

Outra coisa legal é a chance real de influenciar o rumo do jogo. Muita gente que comprou Slay the Spire, por exemplo, viu suas sugestões de cartas e balanceamento entrarem nas atualizações.

Sem contar que, em boa parte dos casos, o preço no acesso antecipado é mais baixo do que o valor da versão final.

E também tem gente que gosta do caos. Testar builds quebradas, rir de bugs bizarros e ver o jogo mudar a cada patch pode ser parte da diversão.

As armadilhas do acesso antecipado

Claro que nem tudo são flores. E é aqui que as coisas ficam um pouco mais complicadas.

Para começar, comprar um jogo em acesso antecipado é uma aposta. Não existe garantia de que ele será terminado, muito menos que ficará bom.

Alguns projetos simplesmente são abandonados, como foi o caso de Spacebase DF-9, da Double Fine, que deixou muitos fãs frustrados ao ser lançado “oficialmente” com vários recursos prometidos ainda faltando.

Outro problema comum é o desenvolvimento arrastado. Tem jogo que passa cinco, seis anos em acesso antecipado e parece que nunca vai chegar à linha de chegada. DayZ, por exemplo, ficou tanto tempo nesse limbo que virou quase piada dentro da comunidade gamer.

Sem falar nos bugs. Muitos bugs. E performance ruim. E save corrompido. E aquele momento em que você cai para fora do mapa e precisa reiniciar tudo. A experiência pode ser frustrante para quem espera algo minimamente estável.

E aqui entra um ponto delicado: jogar uma versão inacabada pode estragar a sua experiência com o jogo completo.

Isso acontece muito com histórias, por exemplo. Se você já viu metade da trama cheia de cortes e eventos ainda não implementados, pode perder o impacto quando tudo finalmente estiver pronto.

Por fim, vale lembrar que o marketing às vezes promete mais do que entrega. Tem muito trailer bonito por aí escondendo uma build capenga. O hype é alto, mas a queda também pode ser.

Então, vale a pena apostar em jogos com acesso antecipado?

Hades

A resposta mais honesta? Depende de você.

Se você curte acompanhar de perto o desenvolvimento de um jogo, tem paciência para lidar com bugs e não se importa em ver e às vezes sofrer com mudanças drásticas no gameplay, então, sim, pode ser uma experiência incrível.

Mas se você é daquelas pessoas que prefere esperar tudo polido, redondinho e livre de frustrações, talvez seja melhor guardar a ansiedade e esperar pela versão final. Isso vale especialmente para quem não quer pagar por algo que ainda está longe de estar pronto, ou que pode nem chegar lá.

Algumas dicas para decidir:

  • Leia as análises recentes na Steam, principalmente as negativas (elas costumam ser mais sinceras);
  • Veja se os desenvolvedores estão comunicando bem as atualizações e ouvindo a comunidade;
  • Repare na frequência dos updates: se o jogo não é atualizado há meses, acende o sinal amarelo;
  • Pesquise se o estúdio já lançou outros jogos completos antes.

No fim, o que são jogos com acesso antecipado se resume a isso: uma relação de confiança entre quem desenvolve e quem joga. Quando funciona, é mágico. Quando não, é só mais uma decepção digital na nossa biblioteca.

E você, segura essa aposta?

O acesso antecipado é esse território selvagem e instigante do universo dos games. Para algumas pessoas, é a chance de fazer parte de algo que ainda está se moldando. Para outras, é só frustração empacotada em forma de bug.

E aí, você é do time que aposta no futuro dos jogos ou prefere esperar tudo pronto, bonitinho e livre de surpresas desagradáveis? Conta pra mim nos comentários.

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Giovanna Coppola
Giovanna Coppola

Uma das minhas memórias mais antigas sou eu com aproximadamente 6 anos deixando o Mega Drive ligado a noite toda porque não podia perder meu progresso em Sonic the Hedgehog. Além de jogos de videogame, sou apaixonada por tecnologia, cultura geek, arte, k-dramas, café, gatos e mais algumas coisinhas.

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